Inês M. Caetano
Docente Afiliada da NOVA Medical School | Faculdade de Ciências Médicas | Universidade Nova de Lisboa
Médica Interna de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar
Unidade de Saúde Familiar Linha de Algés | ULS Lisboa Ocidental
As doenças cardiovasculares apresentam uma elevada prevalência na população, sendo a principal causa de morte a nível mundial [1] , assim como em Portugal. [2] Dentro deste grupo, os enfartes do miocárdio e os acidentes vasculares cerebrais (AVC) são as causas mais frequentes. Aproximadamente uma em cada três pessoas que falecem devido a doenças cardiovasculares tem menos de 70 anos, o que corresponde a uma morte prematura. [1]
Como o nome indica, as doenças cardiovasculares envolvem um conjunto de doenças que afetam o coração e os vasos sanguíneos, ou seja, as artérias, as veias e os vasos capilares que existem em todo o corpo. A principal causa destas doenças é o fenómeno de aterosclerose.
A aterosclerose consiste no depósito de placas de colesterol (gordura) e cálcio no interior das artérias, o que dificulta a circulação do sangue pelos vasos sanguíneos, podendo até impedir completamente o fluxo sanguíneo para diferentes órgãos. Consoante o grau de aterosclerose e a sua localização, as manifestações clínicas podem ser diversas. Quando as artérias coronárias são afetadas, desenvolve-se a doença das artérias coronárias, podendo originar sintomas como a angina de peito ou o enfarte do miocárdio. Se as artérias que contribuem para a circulação sanguínea do cérebro forem comprometidas, pode ocorrer um acidente vascular cerebral (AVC), podendo ter consequências graves. Se acometer as artérias das pernas, pode manifestar-se através de dor ao caminhar, com necessidade de parar passado algum tempo para aliviar a dor. [3]
Apesar da elevada prevalência e gravidade das doenças cardiovasculares, é possível prevenir o seu aparecimento e reduzir as complicações associadas. A prevenção baseia-se na adoção de um estilo de vida saudável e no acompanhamento médico. Em consulta, o médico pode identificar fatores de risco, isto é, condições de saúde que aumentam a probabilidade de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, e pode fornecer conselhos sobre a necessidade de modificar comportamentos ou iniciar uma terapêutica medicamentosa.
No que diz respeito ao estilo de vida saudável, recomenda-se a cessação tabágica, a adoção de uma dieta equilibrada, como a dieta mediterrânica, rica em alimentos frescos e pobres em gordura saturada, diminuição do consumo de bebidas alcoólicas e a prática regular de atividade física, com uma recomendação mínima de 150 minutos de exercício por semana. [3,4] Importa referir que o consumo de álcool não é recomendado como medida de proteção da saúde cardiovascular, devendo, por isso, ser evitado. Caso seja consumido, deve ser limitado a um copo de bebida padrão por dia para adultos em geral, podendo ser consumido até dois copos por dia em indivíduos do sexo masculino com menos de 65 anos. [3]
A adesão a estas medidas pode reduzir substancialmente os riscos de doenças cardiovasculares e melhorar a qualidade de vida.
Referências:
- WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Cardiovascular diseases (CVDs) Fact Sheet. 2020. Disponível em: https://www.who.int/europe/news-room/fact-sheets/item/cardiovascular-diseases. Acesso em: 24 maio 2025.
- INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA. Estatísticas da saúde 2021. 2023. Disponível em: https://www.ine.pt. Acesso em: 24 maio 2025
- FUSTER, V.; KOVACIC, J. C. Atherosclerosis: The basics. In: POST, T. W. (Ed.). UpToDate. Waltham, MA. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/atherosclerosis-the-basics. Acesso em: 24 maio 2025.
- DIREÇÃO-GERAL DA SAÚDE. Novas recomendações da Organização Mundial da Saúde para a atividade física mostram que cada movimento conta. Lisboa: Direção-Geral da Saúde, 2021. Disponível em: https://www.dgs.pt/em-destaque/novas-recomendacoes-da-organizacao-mundial-da-saude-para-a-atividade-fisica-mostram-que-cada-movimento-conta-pdf.aspx. Acesso em: 24 maio 2025.
